sábado, julho 30, 2005

Problemas e caracóis

Hoje foi um dia estranho. Cheio de sentimentos que não sei que nome têm.

Ontém adormeci com enxaqueca e hoje acordei ainda com ela ainda às voltas na minha cabeça como um atentado terrista contra a boa disposição.

A bomba explodiu e a boa disposição, essa era uma miragem.

Dores nos olhos, nos ombros, o peso do Mundo sobre mim...

Mais um analgésico e começam as emoções sem nome a invadirem-me o Ser.

O que sinto?

A Inês aninha-se ao meu colo. O seu radar de emoções diz-lhe que as minhas hoje estão de vibração baça e que é melhor encher-me de mimo. Enrola-se para caber dentro dos meus braços e das minhas pernas dobradas "à chinês". Fica pequena, assim enrolada... quase como se quisesse voltar para dentro do útero.

Dei-lhe beijos até ela dizer que não queria mais, que queria era ver o seu novo filme do Winnie the Pooh, numa aventura com o Hefallump de nome Lumpy.

Vimos juntas o filme em sessões contínuas com os seus dedinhos a enrolarem-se no meu cabelo. Enrola, enrola, enrola... até puxar... desenrola, desenrola, desenrola... enrola, enrola... "Oh mamã, ficou preso o dedo da Inês! Vai buscar a tesoura!"

As crianças têm a fantástica capacidade de resolver todos os problemas. Isentos de preconceitos, de receios de que a ideia é tonta, na sua sua inocência tudo resolvem... mesmo que para isso tenha que sacrificar os caracóis da mãe... o que são uns caracóis cortados comparados com um problema resolvido? Nada...

Inês por ti ficava careca! :)

Posted by Abelhinha at 11:05 da tarde 14 comments

quinta-feira, julho 28, 2005

Para A minha querida Amiga Céu

Olhei para o céu...
Lá estavas tu
em forma de Núvem
Brincos de Estrelas
Cabelos de Cometa
Olhos de Luar
Sorriso de Brisa
Com a tua pele de Chuva
de Gotas de seda
O teu riso era o canto do Rouxinol.

Abri os braços para te receber.
Apertei-te forte no meu abraço

Não fujas!

Estranha ilusão de Saudade.

Hoje é o teu aniversário...
E eu estou tão longe para te dar um beijo!

Adoro-te minha querida Amiga!

Muitos Parabéns.

Posted by Abelhinha at 12:18 da manhã 16 comments

quarta-feira, julho 27, 2005

Estou grande mamã?

"Mamã tivestes saudades tuas? A Inês teve saudades tuas!" Enchi-a de beijos e disse: "A mamã teve saudades tuas. Tiveste saudades minhas?" Ela corrigiu a frase dela e encheu-me de beijos.

"A Inês papou tudo em casa do papá! Cresceu, cresceu!" disse ela esticando os braços os mais que podia em direccção ao céu. "Tou grande mamã?" "Sim, muito grande!"

Sim meu Amor, estás grande! Grande como o Amor que te tenho!

Estás grande como a Esperança que encerras em ti! Grande como a fábrica de beijos de produção infinita que guardas dentro do teu coraçãozinho.

Estás grande como a Ternura com que enches a minha vida! Grande como a Luz com que enche a casa quando estás presente. Grande como o Silêncio vago da tua ausência.

Grande como a Saudade que me enche o peito deixando-me vazia quando é o dia de ires visitar o Papá.

Estás grande e maravilhosa, na tua capacidade ingénua de resolver as minhas preocupações com as tuas festas com que me afagas o rosto e me dizes ao ouvido: "não preocupes que eu estou aqui!"

Estás aqui!

Agora e sempre!

Imploro-te... Nunca deixes de ser essa Inês que faz parte de mim e que torna este Meu Mundo num Mundo cheio de cor e música... Nunca deixes essa criança que és hoje crescer!

Posted by Abelhinha at 10:40 da tarde 7 comments

segunda-feira, julho 25, 2005

Adeus ou Estranho Olá?

Hoje foi dia de Adeus, ou de Estranhos Olás.

Olhemos em frente e deixemos a água que já passou correr o seu curso, mesmo que tenhamos que dizer um Estranho Olá.

O mais Estranho Olá digo eu todas as manhãs ao olhar-me ao espelho, para uma Mulher que por vezes ainda tenho dificuldade em reconher, tal e qual como acontece quando cortamos ou pintamos o cabelo e ainda não acostumamos ao novo look. Mas esta mulher não cortou nem pintou o cabelo. Simplesmente mudou.

A cada etapa do meu caminho sinto-me mais Eu. A cada Adeus que digo as palavras mudam a sua cor deixando os cinzentos no buraco do passado.

Hoje disse um Adeus e um Estranho Olá.

Uma nova etapa começou, que seja Bem-vinda!

Posted by Abelhinha at 11:27 da tarde 16 comments

domingo, julho 24, 2005

Almoço de Domingo

Fomos almoçar à casa do nosso pai. Eu e os meus 2 irmãos. No almoço além de nós, estava a minha madrasta, o meu meio-irmão de 4 anos e o filho da minha madrasta. Estavamos lá... cada um a representar o seu papel numa família onde não se reconhece.

A Inês gosta de ir brincar com o tio. Afinal têm quase a mesma idade.

É estranho porque não sinto o meu irmão como irmão, nem o meu pai como pai dele. Sinto o meu irmão como sobrinho e não gosto menos dele do que dos outros dois, mas há algo que é diferente.

Cresci com o Zocus e o Drocus. Foi com eles que discuti, foi por eles que me envolvi em cenas de "pancadaria", foi com eles que fiz disparates, foi com eles que negociei castigos, foi com eles que os partilhei... foi com eles que partilhei os últimos 25 anos da minha vida.

O Gafa mal o vejo. Ele não pode ficar sozinho comigo e com o Zocus e o Drocus. A Mãe dele não deixa. Como se podem criar elos à distância só porque o sangue que nos corre nas veias é metade igual? Como posso ultrapassar a questão de ele ser só metade meu irmão se me lembram sempre tal facto com requintes estranhos que nem sei descrever.

Mas passou-se o almoço. Correu bem. Não houve discuções idelológicas profundas que me deixam sempre de boca aberta.

A Inês ficou mais um pouco por lá. Fui buscá-la para jantar. Ao olhar para ela e para o Gafa pensei como para ela aquele menino não é Tio, mas o amiguinho que é filho do avô e com quem ela adora brincar e com quem vai à piscina e acampar.

Posted by Abelhinha at 8:09 da tarde 7 comments

sexta-feira, julho 22, 2005

Autocarros da minha infância

Hoje a Formiguinha enviou-me um e-mail com algumas fotos de autocarros da carris bastante antigos. Com eles regressei ao passado. Muito Obrigada Formiguinha por estes "Títulos de Transporte".

Não posso deixar de partilhar aqui com vocês dois deles.

Destino: S. Bento

S. Bento

Este era o autocarro que eu apanhava com a minha mãe e apenas 4 anos para ir para o Externato "A àrvore", onde frequentava a então pré-primária e onde a minha mãe dava aulas.


Destino: Cemitério de Benfica

7A - Cemitério de Benfica

Já mais crescidinha com 9 ou 10 anos apanhava este para ir para a Escola C+S Pedro de Santarém, em Benfica. Mais tarde esta carreira desapareceu, não me recordo se foi substituída por outra ou se foi mesmo "abolida". No trajecto q ele está indicado no autocarro seria o de regresso a casa

Posted by Abelhinha at 10:58 da tarde 3 comments

quinta-feira, julho 21, 2005

Regresso ao Passado

Depois das férias e depois de ser mãe a 100% do meu dia, regressa a Abelhinha que é também profissional.

A Inês foi passar a semana com o pai e eu decidi que iria fazer coisas que com ela normalmente não posso.

Na 2ª feira foi difícil, nem queria vir para casa mas teve que ser... 3ª fui visitar o meu avô e 4ª exausta do trânsito do IC19 resolvi ir ao cinema ver uma coisa qualquer que não me obrigasse a pensar.

Hoje já cá tenho a minha Gota de Mel, o seu delicioso barulho, as suas perguntas, os seus mimos, a sua presença.

Fazendo o meu balanço vejo o quanto cresci desde que a minha vida se desmoronou como um castelo de areia.

Sem a Inês tive tempo para olhar ao meu Espelho Secreto, aquele que reflete a alma e em vez daquele ser híbrido que estava acostumada a ver vi uma Mulher, uma Mãe... alguém que se aprende a Amar amando o Mundo.

Ao olhar para o meu reflexo, de um momento para o outro descubro que afinal o meu Espelho Secreto é um Espelho Mágico que me leva de regresso pelo Tempo, não para a minha vida passada mas para o meu Eu que deixei para trás.

Relembro a adolescente que se recusava a encontrar consigo mesma, num tapete de chão aos pés da cama, escondida, infeliz, falsamente infeliz, chorando mágoas inexistentes porque tudo era cor de rosa.

Relembro a jovem mulher que deseja ardentemente um homem para sempre, por Amor ou por Capricho nem ela sabe.

Relembro a mulher que se recusava ser mãe com o medo de falhar e que se sentia pequena.

Relembro todos os medos que tinha, alguns que já nem sabia que existiram...

Num ápice volto ao futuro que afinal é presente e abro os lábios num riso de satisfação. Ainda bem que a minha vida foi como foi. Ainda bem que nada foi diferente. Ainda bem que calhou na minha vida eu ter a oportunidade de começar tudo de novo.

Posted by Abelhinha at 8:47 da tarde 4 comments

1000 desculpas da Abelhinha

Aos meus assíduos leitores 1000 pedido de desculpas.

Não me esqueci de nenhum de vocês, mas tenho estado com dificuldades com a minha ligação à internet, e isto de regressar ao trabalho é sempre complicado.

Mas cá estou de volte e espero continuar a escrever todos, mas todinhos os dias... que também tenho saudades vossas!

Beijos e queijos, o que mais gostarem ou mais vos apetecer.

Posted by Abelhinha at 8:41 da tarde 5 comments

sábado, julho 16, 2005

Saudade

Hoje sinto uma imensa saudade do David. Aquele por quem o meu coração chora de saudade.

Na verdade sinto-me uma lamechas e cheia de saudades de toda a gente... do David, da minha querida comadre Céu, da minha Inês, mesmo estando ela a dormir no sofá atrás de mim.

Do sentimento que tenho pelo David já aqui falei e hoje a saudade aperta tanto... como se o Espaço entre nós estivesse cada vez maior. Tem sido dificil não pensar nele, não recordar momentos que não vivi, como desejos, fantasias que se querem reais.

A Céu é a minha amiga de sempre. Apesar de só nos termos conhecido já adultas, estamos tão ligadas que nos referimos à outra como a "Minha Amiga de Sempre!". Actualmente ela está a viver em Londres. Não a vejo desde Março e a saudade já dói.

A nossa relação é tão forte que sentimos a angústia da outra a estes quilómetros todos.

Hoje liguei e chorei assim que desliguei telefone. Chorei porque a ouvi, porque contei como me dói a saudade do David.

A Céu é sem dúvida o meu Céu na Terra, o canto onde me escondo quando a Esperança me falha, os meus espinafres quando preciso de força.

Céu, eu amo-te e sinto muito a tua falta!

Posted by Abelhinha at 1:07 da manhã 11 comments

O Gelado Winnie The Pooh

As minhas férias estão a acabar, apenas me falta um fim-de-semana! Vou voltar à minha rotina.

Tenho indufitavelmente muitas saudades dos meus Rançosos, mas como vou ser capaz de despir o meu papel de mãe a 100%?

Vou retomar as saídas de casa com a Inês ainda a dormir e vou voltar a chegar a casa depois de ela já ter jantado. Só de pensar nisso sinto um aperto enorme no meu peito, em todo o meu corpo.

Sinto o sabor salgado das lágrimas.

Sinto saudade prematura, antecipando uma segunda-feira dura.

Hoje foi engraçado, ao sairmos da praia compro-lhe sempre o gelado que ela mais gosta: o Winnie The Pooh. Hoje não havia. Quando o senhor do café me disse que já não tinha achei que ela ia fazer uma birra daquelas de deixar cabelos em pé. Desde manhã que eu estava a prometer que quando saíssemos da praia que o comprava.

Mãe que é mãe não falta a promessas. Uma promessa é algo sonele. É um voto, um elo de confiança. Como confiamos em alguém que constantemente nos falta no que prometeu? Eu não confio... deixo de esperar seja o que for... não conto... e sinto-me sem valor para a pessoa em causa. Como tal, promessa feita à minha Inês, pagarei a todo o custo. E foi o que aconteceu.

"Não há filhota.."

Ela olha para o senhor com ar de quem analisa. Ele confirma. Ela aponta mais uma vez para a carta de gelados. Ele diz que já não há.

Ela faz aquele olhar, como quem diz: "e agora?"

"Amor, aqui não há, vamos comprar noutro lado?"

"Vamos mamã!"

E foi esta a postura dela ao longo de todo o percurso que tivemos que fazer para conseguir comprar o dito gelado. Tivemos que procurar tanto que ela adormeceu.

"Não faz mal" pensei eu... "compro à mesma! Come quando acordar ou depois de jantar."

Ela acordou assim que o carro parou à frente do café que era a minha última esperança. "Vou contigo!". E lá fomos. Compramos o gelado e saiu a colher cor-de-rosa, a cor que ela mais gosta.

Quando a sentei novamente no carro ela tira a chucha, dá-me um beijo e diz "Obrigado!"

Obrigada eu Inês, meu Doce Amor! Obrigada, simplesmente por existires!

Posted by Abelhinha at 12:46 da manhã 3 comments

quinta-feira, julho 14, 2005

Coisas...

Hoje a Inês ficou à tarde com o pai.

Apesar de eu estar de férias as saudades dela por ele eram tantas que optei por abdicar de uma tarde com ela para eles estarem os dois.

Para ocupar o vazio que já conhecem que fica quando ela não está, fui almoçar com um pequeno grupo de pessoas que me são muito especiais. São meus colegas de trabalho, mas a eles devo um bem estar imenso naquele mundo louco.

Estava com bastantes saudades deles. Não como colegas, mas como as pessoas que são. E eles são os meus Rançosos!

Depois do almoço, fui fazer umas comprinhas ao Ikea para complementar as remodelações que estou a fazer no quarto da Inês. E aconteceu algo que me deixou... nem sei que palavra usar para descrever o que senti.

Uma senhora aproximou-se de mim no parque de estacionamento e desejou-me uma boa tarde. Até aqui tudo poderia estar bem se eu não tivesse medo de estar em parques de estacionamento e não tivesse levado um valente susto.

Apesar de lavada, olhando para ela viamos rastos de drogas nos seus olhos, dentes e pelo seu corpo seco com a postura encolhida que já conhecemos a quem pede uma ajuda para comprar uma sopa. E foi isso mesmo que ela pediu, uma sopa.

Pedir uma sopa num parque de estacionamento é o mesmo que pedir uma sandes junto a uma caixa de multibanco (há uma figura na Baixa de Lisboa que faz isso). Não há sopa, não há sandes, há apenas a nossa boa fé e o nosso dinheiro.

"Dê-me uma sopinha! Tenho um filho de 2 aninhos deficiente, faz anos hoje e eu não tenho o que lhe dar de comer"

Engoli em seco. Tudo o que tem a ver com crianças a passar fome me incomoda, embora enquanto ouvia ia pensando: "Queres dinheiro para droga não é?", entretanto chegou a melhor parte do discurso da dita senhora.

"Se a senhora me desse 5€ (CINCO euros) ajudava-me tanto! É que se não levo para a pensão onde durmo ela não me deixa entrar e depois fico sem ter o que dar de comer ao meu filho e deixo de ter sítio para ele dormir! Preciso de 15€ e já tenho 10€... está aqui para a senhora ver e ver que eu não estou a mentir!"

Eu nem queria acreditar... respondi-lhe que não tinha nada trocado. Diz ela muito rapidamente: "não faz mal que eu troco!"

Se já estava incrédula, mais ainda fiquei.

Passamos de "se me der umas moedinhas" para "se me der 5€"!

Olhei para ela, 30 anos, 35 anos no máximo! Lembrei-me de um post no blog da minha querida Caracolinha sobre subsidiodependentes, e pensei: "estudei que me fartei, paguei grande parte dos meus estudos, sacrifiquei-me por mim, pelo meu futuro, pelo futuro dos meus filhos (ainda só filha!), por ser alguém. Estive um ano desempregada, separei-me nesse período e estou a reconstruir a minha vida!..."

Acham que fiquei com vontade de dar alguma esmola?

Ass: Abelhinha um pouco revoltada


Posted by Abelhinha at 9:46 da tarde 5 comments

quarta-feira, julho 13, 2005

Projecto a uma - Obra a duas

As remodelações no quarto a Inês avançam a um ritmo mais lento do que imaginava, mas está tudo ficar ainda mais bonito do que eu estava à espera.

A Inês tem colaborado muito! Ao inicio achei que ela me ia atrapalhar, mas depois pensei... não demora menos, demora mais, não fica tão perfeito mas fica mais bonito! É que a Inês tem feito questão de me ajudar a colocar o esmalte nos móveis dela.

Sempre que olhar para aquele esmalte lindamente irregular vou lembrar-me que aquele foi um projecto a uma e uma obra a duas!

Posted by Abelhinha at 11:31 da tarde 7 comments

segunda-feira, julho 11, 2005

Uma prenda especial

A Inês estende-me a mão vazia: "Toma mamã. É para ti!". "Obrigada, linda! É muito bonito" e recebi a oferta.

"É um cavalinho pequenino!" informou-me ela. Comecei logo a fazer festas no cavalinho que tinha na mão.

"Põe aqui para o cavalinho fazer ó-ó". Obedeci. "Precisa de uma cama" diz ela no momento em que pega na sua varinha mágica imaginária. "Abliablá, quero uma cama para o cavalinho já!" E fez-se uma cama.

"O cavalinho tem fome mamã!" continuou ela. "Eles comem feno" disse eu "comem feno" repetiu ela. "Abliablá, quero feno já!"

Os abliablás continuaram até o cavalinho ter coberta, água, brinquedos e tudo o que tinha direito.

Emprestas a tua varinha mágica ao Mundo Inês?

Posted by Abelhinha at 9:37 da tarde 10 comments

sábado, julho 09, 2005

Perguntas difíceis

Hoje foi mais um dia de visitar o Biso. É assim que chamamos ao meu avô, desde que é bisavô da Inês.

Ele tem quase 80 anos, e não aceita que se contrate alguém para ir tratar das coisas da casa. "O que iriam as pessoas dizer, se viesse aqui alguma senhora?" Se calhar falavam, ou se calhar não. Como tal, lá vamos nós, eu, a minha mãe e a Inês ajudá-lo.

Enquanto faziamos a cama a Inês perguntou: "Quem faz a cama da Bisa nas estrelas?", institivamente respondi: "Os Anjinhos"

Ela ficou pensativa. "A cama da Bisa é brilhante! Os anjinhos é que fazem!"

Explicar à Inês a morte da Bisa sempre me arrepiou. Arrepiou-me por ter medo de não dar a resposta certa.

A minha avó morreu de cancro, depois de 7 meses de hospitalizações e permanências acamadas em casa. A Inês nunca se recusou a vê-la ou a dar-lhe beijos para ela ficar boa. Nunca a impedi nem a incitei a que o fizesse, sempre permiti que ela tomasse a decisão que achasse correcta na sua ingenuídade de criança.

A primeira vez que visitamos o meu avô já viúvo, a Inês perguntou se a Bisa tinha ido novamente para o hospital tratar do dói-dói. Fiquei sem resposta. "Está nas estrelas" socorreu-me a minha mãe. Desde esse momento é comum vermos a Inês a olhar para o céu a dizer adeus e a mandar beijinhos à Bisa quando as estrelas brilham no céu.

Dorme bem Bisa querida, na tua cama brilhante, feita pelos anjinhos nas estrelas! Amo-te muito!

Posted by Abelhinha at 11:00 da tarde 4 comments

Sou apenas eu

Houve um tempo em que eu era o teu elixir da juventude e tu o meu da alegria.
Houve um tempo em que eu era o teu
primeiro pensamento
pela manhã, o último antes de adormeceres, os sonhos durante a noite.
Houve um tempo em que te era impossível estar sem falar comigo, 2,3 vezes ao dia.
Houve um tempo em que a minha ausência era um suplício.
Hoje sou apenas eu. Parece tão pouco dito assim. Apenas eu.
Já não atendes o telefone, já não devolves as chamadas. Passam os dias e a minha ausência já não é sentida.
Eu continuo a pegar no telefone 2,3,4 vezes por dia para te ligar. Faço de conta que atendes e sorrio.
Tenho conversas imaginárias que me enchem o peito:
- Tou, tou.
- Então como estás?
- Com saudades
- Nem me fales nisso. Que suplício, só te queria ter nos meus braços a toda a hora. És um vício.
- Estás a comparar-me com uma droga?
- Não. Com algo que nos faz sentir bem e que queremos sempre mais, em suma, um vício.
- Adoro-te
- Tanto, tanto.

Desligo imaginariamente e continuo a sorrir.
Às vezes sinto-me com sorte. E ligo mesmo. Não atendes. E azar, lá se foi a conversa imaginário. Nem uma, nem outra, nem sorriso.
E assim se passam dias e dias 
Por vezes estamos juntos. É o momento Dúvida. Quem irei eu ver hoje?
Cada vez mais dizes: "eu queria muito, mas eu gosto muito disto de estarmos aqui, sem complicações, sem correr o risco de estragar isto." Houve vezes em que respondi, qualquer coisa, tu continuaste: "és uma pessoa com sorte. Alguém ama-te o suficiente para não querer estragar nada"
Sim, sou uma sortuda. 
A primeira vez que ouvi esse argumento do es-uma-sortuda-porque-eu-amo-te-e-não-te-quero-magoar tinha 17 anos, ainda virginais.
Depois aos 28 e depois agora.
Diz-se que todos podem cair numa, na segunda só quem quer, na terceira quem é parvo. Sou parva pronto!
Neste momento estás a pensar: mas eu sou diferente. Eu estou a dizer a verdade. 
E eu, acredito...
Acredito porque me faz falta. Preciso desse pensamento nas horas duras, quando me sinto a quebrar, quando me sinto a desfazer como o castelo de areia ao vento.
E eu acredito, mesmo sabendo que agora sou apenas eu.


Posted by Abelhinha at 4:26 da tarde 0 comments

sexta-feira, julho 08, 2005

A gelatina de Morango

Acabei de comer uma gelatina de morango deliciosa... a melhor de todas.

"Quem fez Inês?"

"Fui eu!"

Posted by Abelhinha at 12:47 da manhã 6 comments

quinta-feira, julho 07, 2005

O Vento e o Mar

Hoje apesar de o dia ter sido tranquilo continuo lamechas!

A minha vida permanece numa mutação irreparável e imparável. E faz-me bem esta mudança, este amadurecimento do conhecimento do que hoje sou.

Fui à praia. Desta vez não fui só com a Inês, levei a minha mãe.

Apesar de não me querer afastar da Inês sentia uma saudade irrecusável de estar um pouco comigo mesma no enorme arreal da Fonte da Telha.

A maré estava baixa e o sol de fim de tarde aquecia a minha pele branca mesmo com o vento ligeiro que soprava.

Enquanto molhava os pés, pensava no sábio conselho que a minha amiga desconhecida Agripina me deu: "Abelhinha não penses, não procures respostas, elas hão-de aparecer sob forma de vento ou de mar".

O vento sussurrava ao meu ouvido.

Parei e senti.

Senti a brisa, a água fria das ondas a salpicarem as minhas pernas. Sentei-me e fechei os olhos.

Ali estava eu, comigo mesma, com o Mar, com o Vento, com o Ar que respiro... navegei à deriva de pensamentos vagos, tristezas de ontem, incertezas de amanhã, parando aqui e ali em momentos doces de hoje, beijos de Inês, afagos e abraços de minha Mãe preocupada com a núvem negada que ela via em meus olhos.

Não fiz perguntas ao Mar, não fiz perguntas ao Vento, nem massacrei as ondas com os meus jogos adolescentes - "Se ele me amar a 3 onda ultrapassa-me os joelhos!" - onde eu estabeleço regras e onde faço batota viciando os dados. Aspirei apenas o seu cheiro com o odor das redes recém-recolhidas dos pescadores.

Não me perguntei que Karma seria este, não perguntei quando vou encontrar as minhas respostas, não me auto-respondi com frases pré-feitas lidas em livros gastos de tanto uso.

Regressei para junto de minha Mãe e de Inês.

"Relaxa Abelhinha. Descansa um pouco" diz-me a minha mãe enquanto desenforma um pé direito de areia.

Deitei-me na toalha e nada me incomodou, nem o vizinho do lado que dizia a toda a gente, dirigindo o diálogo para a sua mulher, que no Sábado vai fazer o turno da noite.

Apenas fiquei ali deliciosamente prostrada sobre a toalha a ouvir os sons da praia. Apetecia-me ouvir o vendedor de bolas de berlim mas, já era tarde. Ouvi em vez disso uma outra voz doce que me é tão familiar "Este é o ixquerdo vó?". Naveguei até lá sem abrir os olhos ou me mover, sorrindo imaginei Inês às voltas dos seus bolos de areia. Apatecia-me sonhar com ela!

Recordei a primeira vez que foi à praia. Tinha 4 meses e era uma amostra de bebé, com os seus 5,2kg e os seus 56 cm. Com ela foi o seu amigo Bernardo, de 9 meses. Ele tinha o tamanho dela com 2 meses e continua um matulão. Ela não gostou daquele meio, reclamava a cada instante a traquilidade e segurança que o seio materno lhe conferiam.

Sorrindo entreguei em Silêncio o meu Coração ao Vento e ao Mar, "para que o levassem para onde Amor encontrassem".*

*Acho que li isto algures... vou verificar as minhas notas de outros tempos.

Posted by Abelhinha at 10:21 da tarde 3 comments

quarta-feira, julho 06, 2005

Hoje apetece-me falar de Amor

Hoje apetece-me falar de Amor! Não do Amor que tenho falado aqui, ao longos destes dias... mas de outros Amores!

Amores que nos ferem por não serem incondicionais, como o que sinto pela Inês.

Nunca o disse desta forma, mas eu sofro de Amor e por Amor. E hoje estou a sofrer. Durante muito tempo achei que os Felizes nunca sofriam, mas hoje eu estou feliz, e ao mesmo tempo este bocadinho de mim sofre!

Sofre porque o meu Amor espera por algo que nunca chega. E continuo à espera.

Espero por algo que não existe e que desejo ardentemente, e sinto-me defraudada por mim mesma, por esse Amor que plantei, cuidei, tratei e alimentei.

Nunca esperei, esperando, algo em troca. Mas o "Gostaria-que-me-desses-mais-e-aceitasses-mais-de-mim" cresceu, ganhou forma.

Amor é uma palavra de dimensão ridícula, atendendo a tudo o que insere dentro de si, e ao mesmo tempo, que palavra melhor para descrever o que ela contém do que ela mesma? Uma palavra simples e bela, para algo que de tão simples se torna complexo simplesmente porque temos dificuldade em descrever a simplicidade das coisas.

O meu Amor em tempos vivia de nadas caídos no caminho que eu pisava e que gentilmente os apanhava e acolhia no meu bolso antes do passo seguinte. Hoje não. Hoje tudo cresceu.

O Amor das coisas simples, mudou!

O "Gostaria-que-me-desses-mais-e-aceitasses-mais-de-mim" exige mais! Exige dar mais e receber mais. Como não dar mais se o que sentimos já não pode ser contido em nós próprios? Como não fantasiar que se recebe algo, mesmo que não seja o que desejamos? Como suportar se não podemos pedir?

Vamos aguentando. "Eu aguento" é algo que dizemos quando o que pensamos é dificil, mas achamos que até suportamos o seu peso. E "Eu aguento" no Amor, é como um sacríficio que fazemos até alcançarmos a Paz que nos espera no final desta viagem, nos braços quentes da pessoa Amada, no escuro, enquanto ouvimos o bater do seu coração em uníssono com o nosso.

Mas por vezes o caminho é movediço e perdemos por lá. Deixamos de saber o que esperamos, o que amamos, o que desejamos, o que é apenas um capricho, a luta por um simples beijo.

Haverá espaço para um Amor assim nesta viagem?

Certo dia, um pouco antes de iniciar este caminho, li algo onde me espelhei numa das minhas paragens obrigatórias para um chá e fiquei dias a fio a pensar nisso.

Contemplei, esperei pelo amadurecimento, aprendi (pensei eu!) a amar sem ter. Mas... de uma forma incontrolável e avassaladora, virei o monstro egoísta que apenas queria conter em si aquele outro Ser!

Parei, rezei a todos os Deuses, Santos, Anjos e Arcanjos, implorei ajuda, implorei a cada poro do meu Ser que não o desejasse. E deixei de aguentar... explodi!

Não posso mais não esperar nada! Não posso mais fingir que não existe! Não posso mais lidar com a saudade que me asfixia! Não posso mais continuar o meu caminho com a dualidade "Ter ou Não-Ter".

Porque exige em mim o Amor uma definição? Porque não posso ser como tantos outros que aceitam o seu lusco fusco, a sua luz meio apagada, o seu sentimento vivido pela metade, sendo isso o suficiente?

Porque cresce em mim a ansiedade de o ter? Porque não posso apenas olhar para sempre? Porque o desejo mais do que a conta? Porque é que o meu sentimento é desmensuado? Porque é que recordo cada toque, cada sorriso, cada palavra trocada, cada olhar, cada partilha mesmo em silêncio? Porque não se apaga tudo depois de findo o prazo de validade? Porque recordo incessantemente tudo o que conheço a seu respeito? Porque recordo as noites em que trocamos confidências num espaço que não existe de facto, num quarto feito nas núvens dos sonhos?

Porque o Amo na sua Dualidade?

Porque o desejo sabendo que "não daria" certo? Porque o desejo reconhecendo cada um dos seus defeitos, cada uma das coisas que não gosto em si, cada uma das suas incompatibilidades comigo mesma?

Porque o quero tão diferente de mim?

Porque não o tenho?

Posted by Abelhinha at 10:26 da tarde 7 comments

terça-feira, julho 05, 2005

Brincadeiras inocentemente crueis

A Inês hoje foi albarroada por uma brincadeira, que apenas encontro a palavra cruel para descrever. Sei que a brincadeira era inocente na sua intensão, e que quem brincou com ela ainda não percebeu porque fiquei tão zangada.

O meu avô, insiste em tentar negociar beijos com a Inês. Rouba-lhe a chucha, as bolachas e tudo que é dela e que encontra à mão. E depois, oferece o objecto roubado em troca de um beijo. A Inês, "fresca" como ele a descreve, não cede! (e faz ela muito bem!). Hoje a brincadeira foi um pouco diferente.

Ele: "Dá-me um beijo!"
Ela: "Não"
Ele: "É incrível a tua filha, não dá beijos a ninguém"
Eu: "O que queres? Ela é assim... quando quiser ela dá" - Menti, mas achei que esta mentira se enquadra na "Lista de Mentiras Piedosas". Ela não gosta de dar beijos a desconhecidos, mas a pessoas com quem lida normalmente só a ele é que ela não dá.
Ele: "Inês, não me dás um beijo?"
Ela: "Não"
Ele pega no telefone e inicia uma simulação de telefonema: "Artur? Como está? Estou benzinho. Está aqui a Inês, quer falar com ela? Não, ela não me deu beijo. Ela está a dizer que quer falar consigo. Ah não quer falar com ela? Está zangado? Está bem eu digo que não quer falar com ela!"
Finge que desliga o telefone e diz: "Olha Inês o papá não quer falar contigo!" Tentei interromper "n" vezes este monólogo de surdo!

Ela olha para mim com o seu olhar confuso.
Eu: "O Biso está a brincar! Vamos telefonar ao papá!"

AZAR!!! O Artur não atendeu o telefone! Mantive a calma e disse: "A mamã vai ao Sr Doutor. queres vir?" Achei que qualquer consulta de gastrologia era mais agradável para ela do que estar a ser sujeita a este tipo de situação, além disso estas férias são as NOSSAS férias

Lá fomos, as duas! A Inês portou-se de forma exemplar, prestou atenção a tudo e quando estava a falar com o médico, adormeceu.

Regressamos a casa e dormimos juntas o resto da sesta.

Posted by Abelhinha at 8:48 da tarde 2 comments

segunda-feira, julho 04, 2005

A isto chamo: "Um-dia-que-vale-a-pena-viver!"

Parti os meus óculos. Lá fui ver que soluções poderiam resolver o meu "problema".

"Arranjar custa 85€! Se calhar uns óculos novos... aproveita aquela promoção e por 99€ leva 2 armações"... lá me decidi a comprar uns óculos novos, infelizmente não da promoção, porque não gostei de nenhuns e sendo os óculos, uma parte amovível do meu rosto, tinham que ser mesmo como eu gosto!

Antes fui ao oftalmologista, não fosse necessário mudar a graduação. O raspanete do costume: "Abelhinha, já te disse que este tipo de armação não são adequadas para ti. Quando é que vais abandonar os óculos invisíveis de titanium e colocar uma óculos de armação completa, de massa de preferência?" Foi desta vez, que fui menina bem comportada!

Enquanto esperava, a Inês pediu para ir brincar para o parque infantil. Baloiços: 35 minutos, escorrega: 25 minutos. No escorrega, Inês lutava para que nenhum dos meninos maiores lhe roubasse a vez. A mãe de um desses meninos diz-me: "A sua menina tem garra! É pequenina, mas tem muita fibra. O meu filho nem lhe consegue passar à frente!" - Palavras para quê?

Já de olhos novos, fomos à praia! Nós e a cangalhada toda da Inês!
"Vamos ver se tá tudo mamã (e começa a fazer a lista das forminhas de areia): um pé "ixquerdo", um pé direito (e certinho!), uma mão direita e uma mão "ixquerda" (agitando a mão direita com a mão direita e a esquerda com a esquerda - também tenho direito a babar um bocadinho aqui na minha viagem não tenho?), uma menina, um menino, um urcho, a "estelha" e a "tartaúga"! Tá tudo mamã!"

Fomos nadar, como manda a segurança, de colete. A água estava gelada, mas a Inês achava quentinha, como qualquer outra criança que adora água. Corremos, fizemos palhaçadas, e a sua energia continuava inesgotável!

Já à noitinha, depois de um enorme banho e um jantar maior ainda, chegou a hora de dormir. A Inês aninhou-se ao meu colo no sofá, enrolou os seus dedinhos ao meu cabelo como faz desde sempre antes de dormir.

Antes de fechar os olhos para o descanso da guerreira, disse-lhe para ter q certeza que era a última coisa que ela ouvia antes de adormecer: "A mamã gosta muito de ti! Ama-te mesmo muito". Deu-me um beijo e adormeceu.

Posted by Abelhinha at 1:26 da tarde 6 comments

domingo, julho 03, 2005

Danças na Toyota Box

Fui ver o De la Guarda. Um espectáculo diferente de tudo, sem regras, sem lógica... só emoções.

O meu irmão fez questão que eu fosse.

No ínicio do espectáculo, sala escura e sons de água a cair em recinto fechado, faziam com que sentisse uma enorme claustrofobia. Pensava: o meu irmão sabe que tenho medo do escuro e que detesto sons de água em recintos fechados! Onde me vim meter?

Pouco depois começava a chover. A água quente que caía sobre a minha pele, permitiu que eu relaxasse. Comecei a entrar na "dança".

"Saltar" incitava o bailarino. A minha timidez não mo permitia. O corpo de bailarinos descia do céu para junto de nós. "A saltar!" Gritavam todos. Um deles aproxima-se de mim, pega-me ao colo e diz: "Salta". Comecei a saltar. Dos saltos à Dança pouco tempo faltou.

Saltei, Dancei, gargalhei... ensopada até aos ossos. Adorei.

Obrigado Maninho por me teres "obrigado" a ir!

Posted by Abelhinha at 9:08 da tarde 2 comments

sexta-feira, julho 01, 2005

Finalmente Férias

Finalmente de férias! Duas semaninhas de férias, de repouso!

Para as férias, apenas planeei remodelar o quarto da Inês, reciclar o meu mobiliário de quando era solteira.

No resto do tempo vou fazer o que nos apetecer, a mim e à Inês. Vai ser divertido. Neste momento, a Inês é um gato e ronrona ao meu lado.

"Mamã, acabaram as tintas!" Isto significa que tenho que ir comprar mais. A Inês adora pintar, desenhar e tudo relaccionado com côr.

Quando remodelar o quarto dela esta característica é algo que tenho que ter em atenção. Forrar as paredes em papel de cenário, pintar o mobiliário com tinta de esmalte podem ser soluções interessantes para quem gosta de rabiscar tudo o que vê.

O Espaço da Inês será o Espaço da Inês.

Posted by Abelhinha at 11:22 da tarde 3 comments