Ask the Dust
Poderia ser apenas o nome do último filme que fui ver ao cinema (em português "A Poeira do Tempo"), mas não.
Dou por mim a colocar questões à poeira do meu tempo, da minha vida. À poeira onde se fincaram minhas pegadas. Pergunto com receio da resposta.
Receio da resposta e do que quero ou não ouvir.
Receio das mágoas não ditas e guardadas e rançosas e bolorentas e mofentas e cheias de naftalina.
Mágoas.
Mágoas que guardo de quem não esperava.
Mágoas de quem me cuidou descuidando.
Mágoas de quem por momentos egoístas tomou a decisão que por certo hoje não sabe explicar.
Mágoas de quem por um dia senti nem sei bem o quê.
O que senti por ti? Pergunto e a poeira responde:
- Uma núvem.
O que senti foi uma núvem.
Uma núvem com início num cofre organizado. Ou estarias tu num caus?
Uma núvem que se esvaíu no cansaço das horas perdidas.
Queria apenas sentar-me mais perto, como a Raposa num campo de trigo.
Queria apenas ouvir o murmúrio que se calava nas lágrimas de um quarto fechado.
Queria apenas estar ali, para ti, para te escutar no silêncio do que não dizes dizendo mudo.
Queria apenas dar-te a mão e puxar-te para o caminho onde as flores crescem e animam os dias.
Queria apenas ser tua amiga.
Queria dizer-te mas não me ouviste. Tu que tanto medo tiveste que me chegaste a ofender. Tu que tanto me evitaste. Tu que tanto fugiste.
Foste tu que não sabendo tanto me feriste.
Foi o cofre que me confundiu depois de aberto.
Foi o cuidar descuidado de quem apenas não tem jeito.
Foi a núvem.
Posted by Abelhinha at 4:49 da tarde
2 Comments
olha voltamos à nostalgia...sim senhor!
Vamos arribar se faz favor
beijocas vagarosas por causa do torcicolo
Não acho bem culpar a nuvem...
(estou a brincar. Gostei do texto. é bonito e cheio de sentimento)
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