A minha aventura de fim de semana
(O post está enorme, mas há mesmo muito para contar!)
Eu e o Carlos saimos de Sintra por volta das 18h15 a caminho de Alverca onde nos encontramos com o João. Paramos em Castelo Branco para jantar e chegamos à Serra da Estrela, ao local onde iamos dormir por volta das 00:15. Estava a começar a nossa aventura.
O céu estava limpo. Por cima de nós a luz da lua decrescente mostrava-nos o caminho para os nossos "aposentos". "Menina, os seus aposentos são aqui à direita" Disse-me o Carlos enquanto me levava ao local onde ia dormir.
Desenrolei a colchonete, ainda incrédula que ia dormir ao relento, com vento a rondar os 15km/h. "Vou gelar" pensei eu sem me queixar. O meu corta-vento tinha ficado esquecido em Sintra. O João amavelemente emprestou-me o seu e salvou-me a noite. Estendi o saco-cama, vesti o fato de treino que levava para dormir, calcei as meias mais grossas e deitei-me.
Respirei fundo enquanto pensava onde me tinha metido e abri os olhos. "LINDO! Vou dormir ao relento com este céu lindo como tecto. Que mais poderia alguém desejar?"
A noite estava simplesmente maravilhosa. O vento apesar de frio, era mínimo perante o espetáculo relaxante que as estrelas faziam para mim enquanto me embalavam. Adormeci ao colo de cada uma delas.
Cada vez que me mexia acordava ligeiramente para me voltar a tapar e aproveitava para deitar o olho as diferentes tonalidades da noite ditadas pelo passar do tempo.
Acordei com o sol às 8h. Fiquei ainda um pouco na preguiça enquanto sentia o cheiro da terra.
A escalada começou mais tarde do que o previsto.
Após uma caminhada a descer lá estavamos na base do Cantaro Magro. "5 comprimentos de corda e estamos lá." diz o Carlos como se fosse tudo muito simples.
Iriamos iniciar por subir um pouco até chegar à chaminé.
Tudo correu bem até eu chegar ao meio da chaminé. Correu bem, mas não sem que eu me queixasse e fizesse vezes sem conta a pregunta irritante: "E agora, onde meto os pés e as mãos?"
No meio da chaminé, a sensação de claustrofobia fez com que eu perdesse o controlo sobre o meu medo, sobre o meu corpo. Toda eu tremia. Os meus dentes batiam fortemente uns contra os outros.
Incialmente eu ainda consegui pensar e fui conseguindo o encontrar forma de seguir o meu caminho até ao topo. Mas na parte final senti-me sem força e incapaz. "És capaz" Iam-me encorajando os meus companheiros de aventura. Tentei mais uma vez, subir os ultimos 4 ou 5 metros. Tinha que usar a técnica K, ou seja, subir com as costas encostadas à parede, os pés à parede oposta. Escorreguei. Nesse momento deixei de acreditar que seria capaz, e implorei "Tirei-me daqui!" Toda eu tremia e chorava descontroladamente.
Os meus colegas lá me conseguiram içar e eu decidi que nas minhas aventuras de escalada, não volto a colocar nenhuma Chaminé. Há coisas que não somos capazes de fazer mas que queremos tentar até conseguir e outras como esta que são experiências que não quero repetir. O Carlos costuma-me dizer: "Quando se tomares uma decisão, pensa se serás capaz de viver com ela para sempre" e foi nisto que pensei quando tomei esta decisão.
Continuamos o caminho. Faltavam 3 comprimentos de corda. E lá continuei eu com as minhas perguntas. "Não perguntes tanto, não te queixes tanto. Já só vamos acabar de noite. E ninguém trouxe lanternas." diz-me Carlos, zangado porque deixei cair a corda que iria fazer segurança ao João e ele teve descer um pouco para ir buscar a ponta. Fiquei furiosa comigo mesma.
No troço seguinte, e último, o vento tinha-se levantado e estava forte. O Carlos que ia sempre à frente, não conseguia ouvir os nossos "Mu"s e "Pi"s (para dar folga e esticar a corda respectivamente). Eu tinha que recolher o material de segurança que estava pelo caminho. Carlos sem ouvir as minhas indicações ia puxando a corda. Puxava, puxava e eu ia subindo sem saber muito bem como. A determinada altura ele puxou demasiado a corda e eu tive dificuldade de me soltar do mosquetão que segurava a minha corda e foi-me impossivel recolhe-lo. Consegui que João me ouvisse no meio de tanto vento que tinha que o recolher.
Quando cheguei ao cimo exausta, a primeira coisa que fiz foi aliviar a adrenalina e chorei. Estava já a ficar escuro. Passava das 20h. O Carlos diz-me: "Vê como é lindo visto daqui e ainda dizes que não queres voltar"
Estavamos no topo do Cantaro Magro às 20h45. Ainda nos faltava meia hora para estarmos junto do carro e a visibilidade era quase nula. Começamos a descer.
A nossa aventura terminou para além do limite imposto pela visibilidade. Mas o cansaço que sentiamos no corpo era sem dúvida reconfortante, apesar de ter ficado com os joelhos todos mazelados.
E para a próxima, meu Amigo Carlos, nada de chaminés.
Posted by Abelhinha at 7:27 da tarde
6 Comments
uau, parabens... e agora podes sempre dizer com propriedade : vai la tu...
um beijo do icaro que tem medo de voar
Grande aventura :)
Beijinho
Oh minha querida Vampiria...
No meio disto, pensei que nem Pedra Amarela queria mais.
Depois disto, é obvio que quero ir repetir a via na qual desisti na Pedra Amarela. Mas não, não é a "beef of cake". São desafios diferentes, com objectivos diferentes.
E depois disto Chaminés... só se bater com a cabeça em algum sítio e perder completamente o juízo. :)
Beijinhos muito grandes para ti cheínhos de mel
Nunca esquecerás que a maior força de vontade é a que consegues imprimir a ti própria. Eu face a isto só te poderei levar a chaminés, como é lógico, até perderes o medo. Mas a da Pedra Amarela se estiveres com vontade está lá à tua espera. Porque é para isso que as montanhas e paredes servem...para serem escaladas. Mando-te as fotos em CD porque cada uma tem cerca de 8M. Ou seja temos que combinar nova escalada.
A Pedra Amarela está à minha espera, mas ela ainda não sabe.
Aquela via foi apenas um desistir naquele momento, mas com a certeza que ia lá voltar para conseguir.
Agora chaminés... não sei não :(
Keridos Amigos
As férias terminaram...
...assim como um muro de areia
se desfaz... frente a uma onda... mais ousada.
o tempo passou
sem horários...
livre...
repousante...
um pouco dorido...
e
guloso.
não foram as melhores férias
...pois a saúde falhou um pouco
e
não ajudou
como deveria,
porém foi tão bom
estar junto dos meus deuses
que até o tratamento me pareceu mais leve.
devo dizer-vos
que senti saudades
das palavras
dos desenhos
das músicas
das imagens
a que todos vocês me habituaram
(principalmente
quando era castigada
pela imobilidade da medicação)
...mas...
para o ano
levarei comigo um portátil
que irei ganhar no euro-milhões...
... por esse motivo vou desde já começar
a lançar a sorte
e escolher os números.
Keridos
tudo isto para vos dizer
que não vos esqueci
e
para avisar
que a partir de hoje
vou perder
muitas horas gulosas...
a “fazer visitas”.
Beijux létinha.
Ps. desculpem ter usado a mesma
mensagem para todos...
mas não foi possível “personalizar”
.....................................
obrigada pelo “perdão”
.....................................
sois uns amores.
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