Em casa de ferreiro espeto de pau
Ontem foi um dia especial.
À hora do lanche o conforto de ver quase a empresa toda a cantar parabéns e à espera de comer os meus bolinhos.
Foi feliz ouvir a galhofa do: "Será que esta sala aguenta com todos?"
Senti-me muito bem. Senti como uma retribuição de tantas vezes me ter esforçado para que os outros se sentissem mimados. Senti que valia mesmo a pena.
Cheguei a casa e jantei.
No entanto depois de jantar vi como fracasso dentro de 4 paredes, ao não conseguir que a minha mãe se sinta amada, se sinta querida, se sinta indespensável para a minha vida.
Não sei que seria de mim sem a minha mãe e todos os que me rodeiam sabem disso menos ela.
Onde estarei a fazer mal? Porque será que ela não acredita quando lhe digo que a amo imensamente e que me preocupo de morte com a saúde dela? Porque será que ela não sabe que sem ela nada sou?
Na sua solidão, empurrou-me, empurrei-a, empurramo-nos.
Enquanto eu esperneava que necessito dela mais do que qualquer outra coisa, ela dizia-me que não sirvo para nada e que sem mim a vida dela pernaneceria igual, melhor até, seria apenas menos uma pessoa a incomodá-la com os horários dos medicamentos e as análises que insistentemente ela não faz; seria menos uma inimiga em casa.
Falhei.
Devia amá-la melhor, mimá-la melhor, abraçá-la melhor...
Em casa de ferreiro espeto de pau.
Posted by Abelhinha at 1:00 da tarde
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