O Vento e o Mar
Hoje apesar de o dia ter sido tranquilo continuo lamechas!
A minha vida permanece numa mutação irreparável e imparável. E faz-me bem esta mudança, este amadurecimento do conhecimento do que hoje sou.
Fui à praia. Desta vez não fui só com a Inês, levei a minha mãe.
Apesar de não me querer afastar da Inês sentia uma saudade irrecusável de estar um pouco comigo mesma no enorme arreal da Fonte da Telha.
A maré estava baixa e o sol de fim de tarde aquecia a minha pele branca mesmo com o vento ligeiro que soprava.
Enquanto molhava os pés, pensava no sábio conselho que a minha amiga desconhecida Agripina me deu: "Abelhinha não penses, não procures respostas, elas hão-de aparecer sob forma de vento ou de mar".
O vento sussurrava ao meu ouvido.
Parei e senti.
Senti a brisa, a água fria das ondas a salpicarem as minhas pernas. Sentei-me e fechei os olhos.
Ali estava eu, comigo mesma, com o Mar, com o Vento, com o Ar que respiro... navegei à deriva de pensamentos vagos, tristezas de ontem, incertezas de amanhã, parando aqui e ali em momentos doces de hoje, beijos de Inês, afagos e abraços de minha Mãe preocupada com a núvem negada que ela via em meus olhos.
Não fiz perguntas ao Mar, não fiz perguntas ao Vento, nem massacrei as ondas com os meus jogos adolescentes - "Se ele me amar a 3 onda ultrapassa-me os joelhos!" - onde eu estabeleço regras e onde faço batota viciando os dados. Aspirei apenas o seu cheiro com o odor das redes recém-recolhidas dos pescadores.
Não me perguntei que Karma seria este, não perguntei quando vou encontrar as minhas respostas, não me auto-respondi com frases pré-feitas lidas em livros gastos de tanto uso.
Regressei para junto de minha Mãe e de Inês.
"Relaxa Abelhinha. Descansa um pouco" diz-me a minha mãe enquanto desenforma um pé direito de areia.
Deitei-me na toalha e nada me incomodou, nem o vizinho do lado que dizia a toda a gente, dirigindo o diálogo para a sua mulher, que no Sábado vai fazer o turno da noite.
Apenas fiquei ali deliciosamente prostrada sobre a toalha a ouvir os sons da praia. Apetecia-me ouvir o vendedor de bolas de berlim mas, já era tarde. Ouvi em vez disso uma outra voz doce que me é tão familiar "Este é o ixquerdo vó?". Naveguei até lá sem abrir os olhos ou me mover, sorrindo imaginei Inês às voltas dos seus bolos de areia. Apatecia-me sonhar com ela!
Recordei a primeira vez que foi à praia. Tinha 4 meses e era uma amostra de bebé, com os seus 5,2kg e os seus 56 cm. Com ela foi o seu amigo Bernardo, de 9 meses. Ele tinha o tamanho dela com 2 meses e continua um matulão. Ela não gostou daquele meio, reclamava a cada instante a traquilidade e segurança que o seio materno lhe conferiam.
Sorrindo entreguei em Silêncio o meu Coração ao Vento e ao Mar, "para que o levassem para onde Amor encontrassem".*
*Acho que li isto algures... vou verificar as minhas notas de outros tempos.
A minha vida permanece numa mutação irreparável e imparável. E faz-me bem esta mudança, este amadurecimento do conhecimento do que hoje sou.
Fui à praia. Desta vez não fui só com a Inês, levei a minha mãe.
Apesar de não me querer afastar da Inês sentia uma saudade irrecusável de estar um pouco comigo mesma no enorme arreal da Fonte da Telha.
A maré estava baixa e o sol de fim de tarde aquecia a minha pele branca mesmo com o vento ligeiro que soprava.
Enquanto molhava os pés, pensava no sábio conselho que a minha amiga desconhecida Agripina me deu: "Abelhinha não penses, não procures respostas, elas hão-de aparecer sob forma de vento ou de mar".
O vento sussurrava ao meu ouvido.
Parei e senti.
Senti a brisa, a água fria das ondas a salpicarem as minhas pernas. Sentei-me e fechei os olhos.
Ali estava eu, comigo mesma, com o Mar, com o Vento, com o Ar que respiro... navegei à deriva de pensamentos vagos, tristezas de ontem, incertezas de amanhã, parando aqui e ali em momentos doces de hoje, beijos de Inês, afagos e abraços de minha Mãe preocupada com a núvem negada que ela via em meus olhos.
Não fiz perguntas ao Mar, não fiz perguntas ao Vento, nem massacrei as ondas com os meus jogos adolescentes - "Se ele me amar a 3 onda ultrapassa-me os joelhos!" - onde eu estabeleço regras e onde faço batota viciando os dados. Aspirei apenas o seu cheiro com o odor das redes recém-recolhidas dos pescadores.
Não me perguntei que Karma seria este, não perguntei quando vou encontrar as minhas respostas, não me auto-respondi com frases pré-feitas lidas em livros gastos de tanto uso.
Regressei para junto de minha Mãe e de Inês.
"Relaxa Abelhinha. Descansa um pouco" diz-me a minha mãe enquanto desenforma um pé direito de areia.
Deitei-me na toalha e nada me incomodou, nem o vizinho do lado que dizia a toda a gente, dirigindo o diálogo para a sua mulher, que no Sábado vai fazer o turno da noite.
Apenas fiquei ali deliciosamente prostrada sobre a toalha a ouvir os sons da praia. Apetecia-me ouvir o vendedor de bolas de berlim mas, já era tarde. Ouvi em vez disso uma outra voz doce que me é tão familiar "Este é o ixquerdo vó?". Naveguei até lá sem abrir os olhos ou me mover, sorrindo imaginei Inês às voltas dos seus bolos de areia. Apatecia-me sonhar com ela!
Recordei a primeira vez que foi à praia. Tinha 4 meses e era uma amostra de bebé, com os seus 5,2kg e os seus 56 cm. Com ela foi o seu amigo Bernardo, de 9 meses. Ele tinha o tamanho dela com 2 meses e continua um matulão. Ela não gostou daquele meio, reclamava a cada instante a traquilidade e segurança que o seio materno lhe conferiam.
Sorrindo entreguei em Silêncio o meu Coração ao Vento e ao Mar, "para que o levassem para onde Amor encontrassem".*
*Acho que li isto algures... vou verificar as minhas notas de outros tempos.
Posted by Abelhinha at 10:21 da tarde
3 Comments
E eu fiquei com saudades da praia e dos meus filhos pequeninos...
Até consegui sentir a brisa e a areia morna da praia aquecida pelo Sol de fim de tarde.
Muito bonito de facto
Bem abelhinha, que lufada de ar fresco nos trouxeste ... a praia é um dos relaxantes naturais mais eficazes que conheço ... e então em boa companhia como tu foste...
Ainda bem que sentiste o frio da água e os salpicos das ondas, que sentiste a areia nos pés ... e que viciaste as regras do jogo, porque o pensamento mágico também faz parte do mundo dos grandes, do mundo daqueles que não recusam a criança que há dentro de si, no fundo, do mundo dos adultos que têm a coragem de ser felizes.
Beijo Salgado ~:o)
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