sábado, julho 09, 2005

Sou apenas eu

Houve um tempo em que eu era o teu elixir da juventude e tu o meu da alegria.
Houve um tempo em que eu era o teu
primeiro pensamento
pela manhã, o último antes de adormeceres, os sonhos durante a noite.
Houve um tempo em que te era impossível estar sem falar comigo, 2,3 vezes ao dia.
Houve um tempo em que a minha ausência era um suplício.
Hoje sou apenas eu. Parece tão pouco dito assim. Apenas eu.
Já não atendes o telefone, já não devolves as chamadas. Passam os dias e a minha ausência já não é sentida.
Eu continuo a pegar no telefone 2,3,4 vezes por dia para te ligar. Faço de conta que atendes e sorrio.
Tenho conversas imaginárias que me enchem o peito:
- Tou, tou.
- Então como estás?
- Com saudades
- Nem me fales nisso. Que suplício, só te queria ter nos meus braços a toda a hora. És um vício.
- Estás a comparar-me com uma droga?
- Não. Com algo que nos faz sentir bem e que queremos sempre mais, em suma, um vício.
- Adoro-te
- Tanto, tanto.

Desligo imaginariamente e continuo a sorrir.
Às vezes sinto-me com sorte. E ligo mesmo. Não atendes. E azar, lá se foi a conversa imaginário. Nem uma, nem outra, nem sorriso.
E assim se passam dias e dias 
Por vezes estamos juntos. É o momento Dúvida. Quem irei eu ver hoje?
Cada vez mais dizes: "eu queria muito, mas eu gosto muito disto de estarmos aqui, sem complicações, sem correr o risco de estragar isto." Houve vezes em que respondi, qualquer coisa, tu continuaste: "és uma pessoa com sorte. Alguém ama-te o suficiente para não querer estragar nada"
Sim, sou uma sortuda. 
A primeira vez que ouvi esse argumento do es-uma-sortuda-porque-eu-amo-te-e-não-te-quero-magoar tinha 17 anos, ainda virginais.
Depois aos 28 e depois agora.
Diz-se que todos podem cair numa, na segunda só quem quer, na terceira quem é parvo. Sou parva pronto!
Neste momento estás a pensar: mas eu sou diferente. Eu estou a dizer a verdade. 
E eu, acredito...
Acredito porque me faz falta. Preciso desse pensamento nas horas duras, quando me sinto a quebrar, quando me sinto a desfazer como o castelo de areia ao vento.
E eu acredito, mesmo sabendo que agora sou apenas eu.


Posted by Abelhinha at 4:26 da tarde