segunda-feira, janeiro 29, 2007

Meteu-se na colmeia... agora olha!

- Se desmaiar dás-me umas chapadinhas? Estou a mastigar Nicorette e estou com tonturas.

- Claro! - respondi pegando num cabo USB que tenho na secretária, enrolado grosseiramente e batendo com ele suavemente na palma da mão - não te esqueças é que ando a ler coisas estranhas e posso querer reproduzir. Assim deixava de ser Voyeur não era?

- Bem... parece que as tonturas estão a passar.

Não há nada como placebo para curar um grande mal. Pelo menos recuperou a cor.

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sexta-feira, janeiro 26, 2007

O Cachecol.

Durante anos, não usei cachecol. Detestava.

Depois, por influência de uma amiga que me emprestou o seu cachecol da sorte, numa fase complicada da minha vida, habituei-me a usar comumente o cachecol como acessório.

Quando o devolvi a primeira coisa que fiz foi ir comprar um para mim. Fui acompanhada de um amigo e fomos à Springfield. Lá estava ele, o MEU cachecol a olhar para mim e a dizer: "leva-me, leva-me".

Trouxe e nunca gostei tanto de outro cachecol como que daquele.

Sempre que ia para algum lado ele ia comigo.

Até que uma das pessoas que é Luz na minha vida me disse:

- Ouve lá... onde é que compraste aquele cachecol que eu gostava tanto de ter um desse género.

- Já foi há algum tempo, na Springfield, não deves arranjar igual.

- Mas pode ser que haja parecido.

Não havia.

- Tenho pena. Não encontro nada desse género.

- Não tenhas. Eu dou-te o meu.

E assim foi... o meu cachecol passou a ser de outra pessoa.

Enquanto lhe entregava e silenciosamente me despedia da minha peça, juntamente com o Adeus, veio também a alegria de estar a partilhar algo do qual jamais pensei que seria capaz de me afastar.

De mão dada com a saudade está a alegria de saber que daquele dia em diante, o meu cachecol confortará um pescoço que saberá que aquele calor é um beijo meu.

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quinta-feira, janeiro 25, 2007

Ainda????

- Não vais colocar o esse livro no BookCrossing pois não?

- Mau! Voltamos ao mesmo assunto! Vou ter que o rematar – pensei eu – Não.

- Pois. Tu lês coisas muito estranhas.

- É. Mas também há quem leia livros onde pessoas são assassinadas e ficam esventradas a esvair-se em sangue a agonizar enqunato a morte não chega; onde pessoas praticam cultos sexuais, com sexo em grupo para estarem mais perto de Deus.

- Fogo! Tens que me dizer em que livrarias compras tu os livros para eu não ir lá.

- Olha, o que acabei de descrever encontras em qualquer livraria. Chama-se “O Código da Vinci”.

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quarta-feira, janeiro 24, 2007

Tenho uma dúvida

Estou a ler um livro. Até aqui nada incomum.

Este livro relata a história de uma jovém mulher, chamada simplesmente de O, que se entrega a uma relação sado-masoquista movida pelo gigantesco amor que tem pelo seu amante, René.

O livro apresenta-me um mundo de emoções e sentimentos que desconheço e que não gostaria de sentir na pele.

- Isso é voyerismo. É doentio. Tens noção disso, não tens?

- Chama-lhe o que quiseres.

Quem me conhece sabe que quando dou uma resposta destas é porque estou sem paciência ou vontade de estabelecer um diálogo que pressinto inútil.

Tenho algumas dúvidas:

- A leitura não serve para isso mesmo? Aprender emoções, sentimentos, vivências, entre outros, que não são nossos?

- Teria perguntado o mesmo se o livro fosse o "Adeus às Armas" de Ernest Hemingway em vez de ser o "A história de O" de Pauline Reage?

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terça-feira, janeiro 23, 2007

Posso não gostar de... ?

Não gosto de lagosta...

Prefiro lagosta a tamboril...

Prefiro tamboril a André Sardet.

Mas o que eu gosto mesmo é de uns fantásticos Papos de Anjo, como gosto das letras, também angelicais, de Sigur Ros.

~;0)

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segunda-feira, janeiro 22, 2007

Hoje

Em relação ao dia de hoje apenas tenho a dizer o seguinte:

- Ainda tenho a esperança de acordar e de descobrir que afinal o dia de hoje ainda não começou.

Posted by Abelhinha at 10:18 da tarde 0 comments

Então? Como é?

Quando ouvi pela primeira vez o albúm “ O “ de Damien Rice, achei que era a banda sonora da minha vida. Cada uma das canções é o tema de uma fase muito específica da minha existência.

Há uns dias atrás aquele que é responsável por me apresentar Damien Rice, assim como quase todas as minhas preferências musicais, liga-me e diz:

- O Damien Rice lançou um novo disco. Comprei dois. Um para mim e outro para ti. Mando-te uma amostra por e-mail.


Recebi, ouvi e adorei!


Mas agora confesso: estou MUITO irritada. Ainda não tenho o CD e a a amostra já não é suficiente para matar a minha fome e sede de ouvir o que me espera.


Como é? Quando vou poder usufruir dos meus momentos a sós, tendo como pano de fundo a voz sensual de Damien Rice?



DAMIEN RICE
9 Crimes
CD: 9


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domingo, janeiro 21, 2007

Boa sorte, meus amores!

O fim de semana chegou ao fim.

Amahã às 7h lá estarei no escritório para ver parte do resultado das 65h de trabalho da semana anterior.

É de momentos como este que fazem o esforço valer a pena. Gosto destes momentos...

Boa sorte para todos nós meus amores!

Posted by Abelhinha at 11:11 da tarde 0 comments

quinta-feira, janeiro 18, 2007

Conversa (in)inteligível

Gosto de Stress... é verdade que gosto!

Mas ao final de uma reunião em o diálogo é:

- O Matrix controla os CDRs, que depois ficam aqui algures, para que o Mr Smith saiba quando é que tem que fazer o CUT. Depois de se carregar no botão a Trinity é trocada por aquele que o cliente escolheu!

- E os ZEXL quando são trocados pelas Trinitys?

- Isso leva o seu tempo. Vai ter que ser devagar.

- Mas é antes de 2ª?

- Não. Demora 3 dias.

- Podemos dizer ao Matrix que antes de enviar a informação para aqui pode trocar o ZEXL pela Trinity.

- Boa! É isso mesmo. És o maior!

Pergunto-me:

Seremos pessoas normais?

Posted by Abelhinha at 2:25 da tarde 2 comments

domingo, janeiro 14, 2007

Foi em grande

Este fim de semana foi non-stop.

6ª feira saí de casa às 6h20 e só voltei no domingo à 1h30. Na bagagem uma mochila com mudas de roupa porque a farra prometia.

O jantar de 6ª teve-me como anfitriã, a comemorar o fechar de um livro que tem indubitavelmente como última sentença: "happy ever after" e o iniciar de um novo volume.

A nova história inicia-se assim:

"A noite estava amena para uma noite de inverno. Feliz, apesar de atrasada, ela chega ao local onde todos os convidados esperam ansiosamente ainda pálidos com o susto que apanharam.

- Já estão a por a mesa.
- Obrigada, vou ver como estão a correr as coisas.

Entra na sala.

- Sr Filipe? Como estão a correr as coisas?

- Pedimos desculpa mas somos alheios a esta questão. Uma senhora ligou para aqui a cancelar tudo porque o seu irmão tinha falecido. Por um motivo destes confesso que não tive coragem de confirmar.

- Não se preocupe. Foi apenas uma brincadeira de mau gosto. O que importa é sentarmo-nos todos a jantar que estamos cheios de fome. Traga pão, queijo, presunto e vinho por favor, que há uma brincadeira macabra a esquecer... não é maninho? Nunca pensei que fosses um morto-vivo! - disse ela soltando uma estridente gargalhada"

Comigo é sempre assim, há sempre uma história para contar!

O vinho bateu na forte apesar de ter bebido muito pouco como é meu hábito quando vou conduzir, mesmo sabendo que ainda me faltariam algumas horas até chegar novamente ao volante.

Quando saimos da Tasca já o Bairro estava repleto e lá fomos nós aproveitar a noite de cigarrilha em punho (esta deve ser surpreendente para quem me conhece, já que não fumo. Ou será que a forma correcta é, já que não fumava?).

- E se fossemos à Gulbenkian ver a exposição do Amadeo Souza-Cardoso? Hoje vai estar aberta a noite toda.

- Vamos nessa.

A viagem foi torturosa para quem ia comigo no carro, aliás quase a noite toda estava a ser dificil porque desde que tinha saído do restaurante ainda não tinha parado de cantar.

Quando chegamos, descobrimos que o Pingú era um básico e que se tinha enganado na noite.

Voltamos ao Cais de Sodré onde tinhamos deixados os carros e resolvemos ainda fazer uma última incursão a um bar, onde falamos de relações e das dificuldades da vida a dois, aquelas muito pequeninas tipo: gavetas abertas, pasta de dentes no lavatório, esquecimento da chave, cotonetes esquecidos inconscientemente onde calha... O Paco, solteiro e bom rapaz apenas dizia:

- Isso é tudo ridículo. isso que vocês estão a dizer não pode ser normal. Nenhum de nós é autista. Se isso incomoda tanto o outro deixa-se de fazer. EU por exemplo nunca sei das chaves e do MedeiaCard, como tu sabes Abelhinha... - já cheio de calor causado pela irritação.

- E se a tua namorada um dia te dissesse: és sempre a mesma coisa, nunca sabes onde pões as coisas. Estou farta disto... o que é que farias?

(Silêncio seguido de gargalhadas)

À saída a minha querida amiga CC pergunta-me:

- Como é? Sintra ou a minha casa? Estás muito cansada ainda para ires levar a Kanukinha e ires para casa.

- Sintra.

24 horas depois de sair de casa estava a adormecer num leito quente para uma noite reparadora.

O Primeiro dia do resto da minha vida começou de forma maravilhosa.

Fomos comprar o presente de aniversário da Kanukinha e passear pela marginal até ao Guincho e beber um galão quente no Cabo da Roca.

Ao final da tarde fomos mudar de roupa e fomos para a festa... novamente.

Ao chegar ao restaurante a primeira coisa que pedi foi um café e à meia-noite tinha virado gata-borralheira e o meu Yaris estava prestes a virar abóbora.

Os anos passaram por mim e esqueci-me que os 20 há alguns anos que ficaram para trás.

O próximo fim de semana terá obrigatoriamente que ser para descansar já que este ano ainda não sei o que isso é.

Amanhã... começa tudo de novo... às 6h20 já estou de saída para o trabalho.

Tenho é que revisitar os meus horários que isto de entrar às 7h e sair entre as 19 e as 20 tem muito que se lhe diga!

Posted by Abelhinha at 9:01 da tarde 0 comments

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Verbo Desmistificar

Eu imagino...

Tu idealizas...

Nós desmistificamos

Posted by Abelhinha at 6:32 da tarde 3 comments

segunda-feira, janeiro 08, 2007

O meu fim de semana (quase) dava um thriller

Por vezes digo que a minha vida dava um filme. Este fim de semana a minha vida dava, nem sei o que dava.

Eu, o Carlos, o Madeira e o Morto-vivo fomos fazer uma caminhada à Serra da Estrela, que se iniciou na Loriga e terminou quase na Torre.

Chegamos à Pousada da Juventude às 18h30, mesmo na hora combinada.

Ficamos todos juntos numa camarata. Confesso que ficar numa camarata com o Morto-vivo não me deixava muito confortável. Ele até deve ser bom rapaz mas, cada vez que olho para ele, lembro-me daquela personagem de Ralph Fiennes no Red Dragon (o que eu tive que pesquisar para saber esta informação)... um rapaz tímido, anti-social que nas horas vagas matava pessoas.

Para solidificar a minha opinião o Morto-vivo ao ver a picareta de gelo do Carlos diz com ar sereno:

- Isto usa-se para matar pessoas, principalmente a mulheres.

Saí do quarto com um pretexto e pensei com os meus botões:

- É melhor deixar algo escrito sobre isto.

O Jorge seguiu-me e disse:

- Olha ele sabe como se mata. És capaz de ter razão - e riu-se.

- Ainda por cima a vítima sou eu... sou a única mulher.

Lá fora o nevoeiro adensava-se e eu senti-me num livro de Stephen King.

Fomos jantar. Não havia mais ninguém no restaurante.

O empregado atende-nos de uma forma excessivamente subserviente, repetindo vezes sem conta as expressões como "a gosto" e "Nossa Senhora dos Caminhos de Ferro". Contou-nos a história da sua vida, que trabalha em Lisboa, que é o "faz casas" e que se sente uma bola de ping pong mas que, o o patrão dele é o que "paga mais". Convida-nos a visitá-lo no restaurante onde trabalha "Chamem o Isento, de isenção."

A nossa refeição foi interrompida uma série de vezes com o pedido para cantarmos os parabéns ao patrãozinho dele, que é uma grande honra os clientes cantarem-lhe os parabéns.

A refeição é rematada com um fantástico ponto final:

- Se os senhores vão daqui com fome, juro que vos vou bater!

Mau! Um ameaça que me mata, outro que me bate!

Ao deitar-me não conseguia deixar de rir ao reviver todo o dia, embora o fizesse o mais baixo possível para não incomodar o resto das tropas.

A manhã seguinte começou bem cedo, ainda nem o sol tinha acabado de nascer.

Enquanto via a aurora a despertar o sol emoldurada por nevoeiro, o Morto-vivo aproxima-se de mim e pergunta-me:

- Viste o video da execução do Saddam Hussein sem censuras?

- Não.

- Está no Youtube. Foi engraçado. Via-se o corpo dele assim e a cabeça dele assim. É que ele partiu o pescoço - descrevia-me ele gesticulando para ilustrar o que viu.

Pensei que este fascínio pela morte não poderia ser normal.

- Deves ter tido sonhos muito agradáveis. (pausa) Riste muito durante a noite. (pausa) É bom rir assim. (pausa) Foi contagiante. (pausa) Também ri muito.

O nevoeiro era muito, mas decidimos começar o passeio assim mesmo.

O Morto-vivo, quando está na fase vivo é um chato...

Foi o caminho todo a dar-me lições de geologia. Apesar de achar o conhecimento algo fundamental, há coisas em que o conhecimento se torna desmistificador. A natureza tem, para mim, a beleza de eu não saber como tudo acontece, um lado mítico e dogmático. A natureza está bem assim... uma pedra é uma pedra, não um sedimento...

Após 1h nisto, resolvi cometer a indelicadeza de colocar os auscultadores num dos ouvidos, em sinal de afastamento, mas ele insistia...

Faltava um terço do caminho e deixei de ver o Carlos e o Jorge no nevoeiro cerrado. Apenas via o Morto-vivo.

Enquanto no meu ouvido esquerdo o Rodrigo Leão me dava algum bem estar, a situação punha-me os cabelos em pé:

- Estou feita! Não vejo ninguém além do assassino. Vou-me perder na serra com este tipo. Há mais 150 sujeitos naquela empresa e logo havia de ser com este. Vou-me perder e morrer. Ele vai-me matar.

De um momento para o outro também deixei de o ver. Nisto ele sai num pulo detrás do arbustoe diz:

- Olha vem aqui ver isto. É bem giro.

Pensei:

- Vai mostrar-me a minha sepultura. Minha filha amo-te muito! A mamã vai jazer aqui... no meio da serra numa tarde de nevoeiro!

- Olha... a água está gelada! - pega nhuma pedrinha e atira-a à água - O gelo está grosso. Nem o consigo partir.

Eu é que me parti de medo. Tinha que sair dali depressa e fiz-me ao caminho.

A determinada altura ele diz-me:

- Não é por aí, é por aqui.

- Tens a certeza? Pergunto eu completamente perdida - o melhor é apitar pelo Carlos.

- Não é preciso. É por aqui.

Comecei a rezar e segui-o como um condenado perante o pelotão de fuzilamento.

- E estrada é já ali.

Ao fundo 2 vultos escondidos na cortina. Eram mesmo o Carlos e o Madeira.

O alívio fez-me sentir o gelo da tarde trazido pelo vento, a húmidade das calças que se colavam às pernas.

Cheguei sã e salva...

Aprendi que corajoso não é aquele que não sente medo, mas aquele que viaja com ele até ao fim sem deixar cair uma lágrima.

Posted by Abelhinha at 11:28 da tarde 1 comments